quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Luiz Gonzaga: para sempre o rei do baião

Em 25 de julho de 1987, Elba Ramalho estava no meio de uma turnê pelo Nordeste. Grávida de oito meses, a cantora aproveitou a passagem por Campina Grande, na Paraíba, para almoçar na casa da irmã, ao lado de Luiz Gonzaga e Dominguinhos. No fim da tarde, a bolsa estourou e Luã veio ao mundo um mês antes do previsto. E nasceu rodeado de estrelas.

— Ele (Luiz Gonzaga) foi uma das primeiras pessoas a segurar meu filho no colo. Lembro dele cantando os versos: "cabeça grande é sinal de inteligência/eu agradeço a providência/por ter nascido lá..." — conta.

A ligação artística e quase familiar entre Elba e Gonzagão vai proporcionar ao público do Vale do Café grandes momentos no festival. A cantora vai fazer quatro shows, três deles dedicados especialmente ao repertório do "rei do baião". Clássicos como "Asa branca", Xote das meninas" e "Luar do sertão" são presença garantida no repertório.

— Em termos de cultura popular, Luiz Gonzaga é o nordestino do século. É um dos maiores ícones da cultura pop de todos os tempos, o grande responsável pela difusão dos ritmos nordestinos pelo Brasil e pelo mundo. Ele tinha uma capacidade inesgotável de captar o coletivo da nossa terra, do nosso cotidiano e transformar em canções — avalia Elba, que destaca ainda a influência do cantor em sua carreira. — Imagine só, para mim, uma menina do interior da Paraíba, que cresci ouvindo as suas canções, me tornar cantora. Sua obra é uma presença permanente na minha trajetória.

Pela primeira vez no festival, Elba vai passar por Piraí, Barra Mansa, Valença e Vassouras. Três desses shows vão ser ao lado da Orquestra Sinfônica de Barra Mansa. O convite para homenagear Gonzagão foi irrecusável.

— Ele (Gonzagão) me chamava carinhosamente de "minha cachacinha”. Minha primeira gravação com ele tem uma história curiosa: ele me convidou para fazer uma participação e, claro, aceitei na hora. E nada dele falar qual era a música, de mandar a letra. Ele só me dizia que na hora eu ia ficar sabendo. No estúdio, soube que era "Danado de bom". Minha participação era só uma fala. Ele falava com a voz bem grave: "ô Elba, tá danada de quê ?" E eu respondia: "tá é danado de bom, Seu Lua". E foi só isso. Mais tarde, gravamos juntos "Sanfoninha choradeira", que foi um grande sucesso — recorda.

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