sexta-feira, 17 de junho de 2011

Vai ter baião no samba. Luiz Gonzaga homenageado pela Unidos da Tijuca em 2012

 Por: João Carvalho (produtor, editor e chefe de reportagem da Globo Nordeste)

Dizer que é uma homenagem justíssima é, no mínimo, pleonasmo. A escola de Samba Unidos da Tijuca, campeã do Carnaval 2011 do Rio de Janeiro, deve homenagear no desfile de 2012 os 100 anos de Luiz Gonzaga. Integrantes da escola já estão no Recife, onde levantam contatos e teriam marcado uma reunião para a próxima segunda-feira entre a diretoria da Unidos da Tijuca e o Governo de Pernambuco para afinar os detalhes.

Conversamos hoje pela manhã com um dos integrantes da equipe. Além do encontro com o poder público, eles estão percorrendo e empresas de Pernambuco, para "fazer contatos e levantar apoios para o desfile", explicaram. Com relação ao Governo, seria um apoio institucional. Impossível uma homenagem dessas não ter o apoio institucional.

Pra quem não lembra, a Unidos da Tijuca foi campeã em 2010. Em 2011 eles conseguiram o  vice-campeonato, no desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, com o tema "Essa noite levarei sua alma". O desfile foi marcado por efeitos, criados pelo carnavalesco Paulo Barros, que ficou conhecido pela ousadia. Agora ficamos imaginando como será um desfile tendo Gonzagão como tema.

Sobre nosso artista, podemos dizer que Luiz Gonzaga está entre os mais imporantes artistas do mundo. Escolhido como pernambucano do século XX, o velho Lua nasceu na fazenda Caiçara, na zona rural de Exu, no Sertão de Pernambuco. O lugar seria revivido anos mais tarde em "Pé de Serra", uma de suas primeiras composições. Seu pai, Januário, trabalhava na roça e nas horas vagas tocava  e também consertava safonas).

Foi com o pai que seu Luiz aprendeu a tocar. Não era nem adolescente ainda quando passou a se apresentar em bailes, forrós e feiras, de início acompanhando seu pai. Autêntico representante da cultura nordestina, manteve-se fiel às suas origens, mesmo seguindo carreira musical no Rio de Janeiro. A canção emblemática de sua carreira foi Asa Branca, que compôs em 1947, em parceria com o advogado cearense Humberto Teixeira.

Afinadores de sanfona ajudam a preservar a tradição do São João

 Fonte: pe360graus.com

Reprodução / TV Globo
Dez minutos. Esse é o tempo que José Lucas leva para tirar peça por peça de uma sanfona. Além de tocar o instrumento, Galego da Sanfona (foto 1) – como é conhecido – é um dos profissionais que carregam a missão de manter afinado o som do São João.

Antes de virar afinador de sanfona, Galego usava as mãos habilidosas para montar e desmotnar carrros, motos, relógios, máquinas de datilografia... Foi o amigo Arlindo dos Oito Baixos quem deu a dica para que ele aprendesse e ajudasse a valorizar a profissão de afinador – nunca fez curso. "O segredo para uma nota bem afinada, é quando você bota o dedo no ‘diapazon’ e ela faz ‘pammmmm’”, explica ele. “Você vai na outra e a ela tem que dar o mesmo o tom”.

Para ele, afinação certa “é como se fosse um peso na balança. Um quilo é um quilo. Certinho”. Hoje, aposentado, aos 74 anos, fez de um andar da casa uma oficina de colecionador. São mais de quarenta modelos diferentes, cada um com uma história.

Assim também é o trabalho cuidadoso de um alagoano que escolheu Pernambuco para viver cercado pela música, não apenas nos palcos, mas nos bastidores também. Cicinho do Acordeon mostra um instrumento aberto e explica: "isto aqui chamam vozes, cada voz dessas é uma tonalidade que tem de dó até si”. Esse sanfoneiro e compositor vira um artista que também é chamado pelos amigos, como Dominguinhos e Flávio José, para consertar e deixar um acordeon pronto para qualquer show.

Entre as peças de que ele cuida, está um acordeon importado que tem mais de  setenta anos de história. A tarefa exige silêncio porque o desafio é encontrar o tom ideal, que pode dar o charme ou atrapalhar uma apresentação. "É muita puxada de foley, né? O foley é esta partezinha aqui [sanfonada]. Às vezes ele quebra, a gente tem que recuperar, tirar, fazer outra vozes, porque cada laminazinha é de aço, quando ela se quebra a gente tem que botar outra”, destalha.

Cicinho do Acordeon chega a passar cinco horas por dia no  estúdio de gravação que fez em casa e também virou um ateliê. É o refúgio de quem herdou do pai a vocação de afinador de um instrumento tão popular no São João. "Tem que ter muita paciência, né? Porque ele, principalmente este acordeon hoje que tem o som acústico, tem ressonância. Você tem que consertá-lo num lugar bem acústico, fechado, pra não receber som de um carro passando, de uma pessoa gritando, que tira do seu ouvido o som sonoro se tá afinado ou não”, revela.