quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Emoção e chuva no encerramento do centenário de Lua

Água caiu durante os shows da tarde deste domingo (16/12) no Aza Branca
Um dos momentos mais emocionantes da comemoração do centenário de Luiz Gonzaga foi reservado para a tarde deste domingo (16/12), o último dia de festejos. Sob a copa do juazeiro onde a missa anual em homenagem a Gonzagão foi realizada horas antes, o céu desabou por quase meia hora. A chuva torrencial caiu durante um dos últimos tributos ao Rei do Baião, no Parque Aza Branca, no Exu. E o povo do Sertão, que enfrenta uma das piores secas dos últimos 40 anos, não arredou pé. Continuou a dançar forró como se, além do aniversário do sertanejo mais notório, comemorasse as súplicas atendidas, a trégua líquida na judiação e uma esperança renovada para milhares de alazões.

A sequência de shows começou com João do Pife (Caruaru/PE), que acumula mais de 50 anos de carreira no Brasil e fora do País, e terminou com Targino Gondim, sanfoneiro que já recebeu premiações importantes como o Grammy (em 2001, com o álbum "Esperando na Janela", de Gilberto Gil) e o 21º Premio da Musica Brasileira (em 2010, pelo CD "Canções de Luiz".

A chuva começou por volta de 15h30, pouco depois de o cantor Ivan Ferraz dar início aos shows no Palco Juazeiro, no Aza Branca. Diante do mausoléu onde estão os restos mortais de Luiz Gonzaga, de seu pai Januário e da mãe, Santana, a apresentação começou com o pedido de um minuto de silêncio em homenagem a Gonzagão e seus familiares já falecidos. As primeiras gotas começaram quando, após “A vida do viajante” e “O xote das meninas”, Ferraz entoava “Riacho do Navio”. “Está chovendo. Deus está ouvindo as preces e Gonzaga está ajudando”, disse o cantor de Floresta (PE).

Um dos mais empolgados em dançar na chuva era Giderson Tenório Silva, de 67 anos. Trajando uma vestimenta estilizada misturando elementos de Lampião e Luiz Gonzaga, com direito a chapéu de cangaceiro espelhado, bacamarte e calça com gravuras de cordel, ele se intitula “Capitão Tenório, defensor da cultura popular”. “Vivi uma seca em Caruaru quando tinha 10 anos. As coisas melhoraram muito no nordeste através de Luiz Gonzaga. A chuva foi uma glória, sinal de que ele, até lá do céu, continua olhando por nós. Deve ter falado: ‘Vamos mandar uma aguinha para esse povo que vai dançar forró no pé de Juazeiro’”, brincou.

O repertório de João do Pife foi dividido: metade dedicado a músicas de Gonzaga, como “Asa branca” e “Xote das meninas”, e o restante às de sua banda, Dois Irmãos, como “Valsa de meu pai” e “Viajando pelo Brasil”. “É uma alegria muito grande estar aqui na data de aniversário de Gonzaga. A gente se sente reconhecido”, disse João do Pife após o show.

Targino abriu o show com sua composição mais famosa, "Esperando na Janela", destacando que foi inspirada em "Daquele Jeito", de Luiz Gonzaga. O sanfoneiro não se limitou a tocar músicas de Lua, mas também contou episódios da história dele de forma dramatizada.

E, como não poderia faltar numa festa de Gonzaga, o fole roncou a tarde toda. Bell Lima, Jaiminho de Exu, DiJesus e Claudiana di França tocaram forró pé-de-serra. Toinho do Baião, sósia de Luiz Gonzaga, celebrou o ritmo que consagrou o rei, e fez o povo lembrar do ídolo com sua aparência física e timbre semelhantes.


Publicada em 17/12/2012 por: André Zahar

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