terça-feira, 1 de outubro de 2013

Dominguinhos x Calheiros

No dia em que é feito o traslado do corpo do sanfoneiro Dominguinhos para Garanhuns, sua terra natal, chega à minha lembrança um momento muito semelhante e para mim também muito emocionante, ocorrido há 45 anos passados. Atuava como jornalista e radialista da Empresa Jornal do Commercio e era sempre convocado para os eventos promovidos por ela. 

Alberto Lopes, um dos grandes produtores da TV, filho de Garanhuns, chegou com a idéia de a Empresa promover o traslado dos restos mortais do cantor Augusto Calheiros, nascido em Alagoas, mas que tinha uma adoração pela “suíça pernambucana”. Faleceu no Rio de Janeiro, onde foi sepultado. Em 1968, atendendo ao desejo da família, com o apoio do então prefeito Amilcar Valença, tivemos o orgulho de coordenar a trasladação do corpo de Calheiros, cuja urna funerária veio acompanhada do consagrado cantor Orlando Silva, e do radialista Almirante, dois nomes de peso do cenário musical e artístico brasileiro. Familiares de Calheiros também vieram do Rio para o cortejo, que seguiu do Aeroporto dos Guararapes até a cidade de Garanhuns. 

A nossa parte era conseguir o apoio logístico, coordenar junto com Alberto Lopes e dar toda cobertura jornalística. Como não havia qualquer apoio financeiro por parte da Empresa JC, tivemos que buscar a cortesia de empresas de ônibus. Uma delas se prontificou a fazer o percurso Recife-Caruaru. Outra ofereceu o percurso Caruaru-Garanhuns. Eram as dificuldades próprias da época que tivemos que enfrentar. No finzinho da tarde, os restos mortais de Calheiros chegaram ao Cemitério de São Miguel. Com a divulgação da então Radio Difusora, toda a população da cidade estava nas ruas dificultando o acesso do ônibus. Os convidados tiveram que seguir andando enquanto eu fiquei no ônibus, junto ao motorista, à procura de um local para estacionar o veiculo. Depois de muito tempo, fui me encontrar com os convidados, que já me esperavam na porta do cemitério. Terminei não assistindo a cerimônia nem conhecendo o mausoléu erguido pela Prefeitura para abrigar o querido e famoso cantor Augusto Calheiros.

Hoje, Dominguinhos e Calheiros, dois consagrados artistas da nossa musica popular, estão repousando para sempre no friozinho gostoso de Garanhuns. Um privilégio para a cidade e seu povo.


Miguel Santos
Jornalista e Radialista

Museu do Barro em Caruaru - Espaço Zé Caboclo

Histórico

O Museu do Barro de Caruaru - Espaço Zé Caboclo, unidade museológica mantida pela Prefeitura Municipal de Caruaru, através da Fundação de Cultura e o Governo do Estado de Pernambuco, através da FUNDARPE, foi criado em 1988, com um acervo estimado em 700 peças procedentes do "Alto do Moura" bairro da Cidade que concentra centenas de ceramistas, sendo considerado o "Maior Centro de Arte Figurativa das Américas".

Parte do acervo foi remanescente do setor de cerâmica do antigo Museu de Arte Popular, construído e demolido na década de 60 e reinstalado na década seguinte, funcionando até sua desativação, quando surgiu o atual Museu do Barro.

O local escolhido para a instalação foi uma ampla sala do Espaço Cultural Tancredo Neves, construção polivalente onde funcionou um antigo conjunto fabril.

Em 1994, iniciou-se a construção do Pátio de Eventos Luiz Gonzaga, dentro dos limites do referido espaço cultural e para isso, demoliu-se, indiscriminadamente, a sede do Museu, passando o mesmo a dividir espaço com outra unidade museológica, em área reduzida à metade da que ocupava até então (pouco mais de 200 m2) com iluminação e sinalização deficientes e sem condições de oferecer espaço para atividades educativas e de preservação do acervo.

Em 1992, um convênio firmado com o governo do Estado de Pernambuco, através da FUNDARPE, permitiu a incorporação, por comodato, ao acervo do Museu, de 1322 novas peças, correspondente à Coleção de Arte Popular "Abelardo Rodrigues" com um expressivo acervo de cerâmica dos principais pólos do Nordeste e também da coleção do Museu do Barro da Casa da Cultura de Pernambuco, totalmente desativado para este fim.

A reduzida área de exposição do Museu não permitia a mostra total das coleções (cerca de 2300 peças), comprometendo também a boa apresentação do que era possível se expor.

Consciente da importância de Caruaru, cidade pólo da região agreste, com um rico e variado potencial Artístico - cultural, A exemplo, sua internacional feira, seus festejos juninos, seu exuberante artesanato e seus artistas populares, o Governo Municipal entendeu que a produção cerâmica, um dos expoentes da cultura local, merecia um espaço digno de sua representatividade, onde sua preservação e difusão estivessem asseguradas e ajudassem no seu reconhecimento como produto turístico - cultural.

A nova sede do Museu do Barro localiza-se, também, em área do Espaço Cultural Tancredo Neves, ocupando todo o segundo pavimento de um belo edifício histórico (antiga casa de máquinas da Fábrica Caroá). Foi inaugurada em 03 de abril de 1998 dividindo, privilegiadamente, espaço com as sedes da Fundação de Cultura, da Escola de Música, da Banda Musical Municipal e do Museu do Forró Luiz Gonzaga.

A área do Museu foi triplicada (742 m2), divididos em cinco ambientes, devidamente adaptados, reformados e contemplados com novo mobiliário museográfico, iluminação adequada, equipamentos de apoio, dentre outros, o que consistiu num investimento de R$ 50.000,00, recursos esses oriundos do Governo Municipal, com mão-de-obra local e contando com apoio técnico da FUNDARPE.

Distribuição dos Ambientes

SALA CERAMISTA DO ALTO DO MOURA 
Concentra o melhor da produção do local, desde a cerâmica utilitária tradicional, os contemporâneos do Mestre Vitalino e a diversidade e criativa produção das novas gerações. Contempla a exposição uma série de painéis didáticos ilustrativos sobre o processo criativo da cerâmica.

SALA MESTRE VITALINO E FAMÍLIA 
Compõe esta sala, 67 peças originais do ceramista Mestre Vitalino (Vitalino Pereira dos Santos), considerado a maior expressão da arte popular brasileira, além de farto material iconográfico e didático, bem como a coleção de peças produzidas pelos descendentes.

COLEÇÃO ABERLARDO RODRIGUES
Neste ambiente, está exposta grande parte das peças do acervo da FUNDARPE, com destaque para a coleção Abelardo Rodrigues, permitindo uma abordagem das técnicas e estilos de outros pólos cerâmicos brasileiros.

SALA DE EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIAS E OFICINA DE ATIVIDADES EDUCATIVAS 
Como forma de estímulo e divulgação do trabalho dos ceramistas do alto do Moura, é um espaço destinado a exposições temporárias e temáticas, como as realizadas ultimamente: "Natal do Artesão", "Via Sacra dos Artesãos do Alto do Moura" e "São João de Caruaru - a Capital do Forró". O espaço também comporta outros tipos de exposições como mostras fotográficas, de pinturas, didáticas, de esculturas e diversas outras técnicas e motivos. Outro trabalho realizado no referido espaço é destinado às redes de ensino: após visita monitorada ao museu, os alunos dispõem de uma oficina para modelagem do barro, interpretando peças do acervo.

PINACOTECA PINTORA LUÍSA CAVALCANTI MACIEL 
Homenageando a grande artista caruaruense, referência no cenário das artes plásticas nacionais, é composta de trabalhos de artistas plásticos da cidade, com temas relativos à cerâmica do alto do Moura e ao Mestre Vitalino. Fica instalada no hall de recepção do Museu. Neste mesmo ambiente, um grande painel escultórico em cimento, do artista J. Caxiado, homenageia também Vitalino, sendo uma das principais atrações do Museu.

Outras Ações

Para assegurar que os fatos ocorridos no passado (demolições, desativações e dilapidações do acervo), não voltem a ocorrer, foi instituído, no ato da inauguração da nova sede a Sociedade dos Amigos do Museu do Barro, constituída por membros representativos dos mais diversos segmentos sociais, a exemplo, o Escritor Ariano Suassuna e o Presidente da Fundação Joaquim Nabuco, Dr. Fernando de Mello Freyre, dentre outros, que estão incumbidos da tarefa de ajudar a perpetuar esta obra para futuras gerações.

Em fase de desenvolvimento, o projeto de divulgação permanente do museu consta da elaboração de catálogo, folder, poster e postais, em policromia e material de primeira qualidade, com a finalidade de incrementar ainda mais a visitação ao espaço, cujo número já é bastante satisfatório, a exemplo, o quantitativo do mês de junho, quando cerca de 14.000 pessoas registraram presença no local.

Horários de visitação: De terça-feira a sábado (das 8h às 17h); Domingos (das 9h às 13h)
Visitas escolares e de outros grupos - Agendadamento pelo telefone: (81) 3727. 7839
Diretora: Maria Amélia Campello