sexta-feira, 19 de julho de 2019

Onildo Barbosa, um passarinho que canta a cultura e as lutas dos brasileiros

Nascido em Natuba, Cidade do Cariri paraibano, de nome de batismo José Barbosa Monteiro Filho, vivendo há 34 anos no Município de Wagner, na Chapada Diamantina, solo da Bahia abençoada de Todos os Santos, desde pixototinho ‘apelidado’ Onildo Barbosa, ainda dentro de casa, essa semana matou uma saudade da gota serena de quatro décadas, ao voltar a Pernambuco, especialmente abraçando Olinda, Recife e Cabo de Santo Agostinho.
Onildo Barbosa, repentista, poeta, declamador, aboiador, cantador, hoje, mais forrozeiro e cantor, além de um excelente radialista que apresenta o Programa Alô, Brasil!,do alpendre de sua casa a apenas 20 metros do Rio Bonito de Baixo, de segunda-feira a sábado, das 06h00 às 08h00 da manhã, numa cadeia que conta com 10 emissoras de rádio de diversas regiões do País. Um programa que acorda o ouvinte, não apenas para tomar o café da manhã com aquele cuscuz com guisado e macaxeira, mas também acordar no sentido político de resistir contra os retrocessos e o desmonte das conquistas democráticas e sociais alcançadas nos últimos 16 anos. “A gente precisa se reerguer, você sabe que a nossa bandeira tá caindo, a nossa bandeira a cada dia pende pra cair na lama, então, tenha o coração vermelho, segure o pau dessa bandeira, vamos botar essa mundiça pra fora, e vamos resgatar o nosso Brasil, que a importância do nosso Brasil é a nossa cultura, o nosso povo, principalmente, o povo que levanta o mastro da bandeira nordestina”, defende ele, tendo a cultura como um motor para as lutas sociais de reconquistas do que está sendo perdido.
“Quarenta anos sem passar pelo Pernambuco, pra mim foi a maior honra e um prazer, uma noite de muito brilho, de muita luz, de muita paz, encontrar com tantos amigos que a gente já conhecia do mundo virtual, e a gente poder abraçar e sentir a energia positiva que eles têm, a verdade que passam para a gente e para o mundo, pelas palavras e pela simplicidade”, comemora Onildo Barbosa nesse bate-papo descontraído que teve com a gente, em meio às apresentações de forrozeiros que foram homenageá-los no Espaço Dominguinhos, comandado por Ivan Ferraz, na tarde e noite do último sábado, 27.
E olhe que eu ganhei até versos de improviso: “quarenta anos, depois de 40 anos, eu ganhei um grande presente, foi abraçar Ruy Sarinho, essa pessoa excelente, um cidadão otimista, que abraça o repentista, e divulga o nosso repente”, declamou Onildo Barbosa durante a animada conversa de pé de palco, num sotaque verdadeiro que não foge ao seu DNA nordestino, assumido com muito orgulho.
Nas décadas de 1970 e 1980, época de vigência da nefasta ditadura do golpe civil-militar de 1964, Onildo Barbosa sempre foi uma das estrelas dos Torneios de Repentistas de Olinda, produzidos e patrocinados pelo ítalo-olindenses Giusepe Baccaro, e que existiam como um foco de resistência de cultura popular no Estado. Ao lado de Patativa do Assaré, Bule-Bule, Louro do Pajeú, Louro Branco, João Paraibano, Sebastião Dias, Geraldo Amâncio, Cachimbinho, Zé Matias, Pinto e Rouxinol, Oliveira de Panelas, Pinto do Monteiro e tantos outros mestres operários da cultura de raízes fincadas na nossa Terra.
Nessa volta a Pernambuco, hospedado numa pousada do Varadouro, Olinda, o poeta se sente renovado, porque “meu coração tá carregado de energias positivas de Aracílio Araujo, de Rouxinó do Nordeste, de GenildoSouza, Toninho Vanderley, Jota Michiles, Antônio Paulino, Ivan Ferraz, a galera da pousada; Olinda está presa entre as raízes do meu coração, e com certeza Olinda é um pedaço da minha Nação, recita ele, sem esconder a sua alegria por esse reencontro.
Na conversa quase sempre no improviso dos seus versos, Onildo Barbosa comemora a resistência cultural que ele vê nos pernambucanos, afirmando que Ivan Ferraz é um verdadeiro paredão de ferro se segurando pra não cair, o Carcará das Comunicações, e que viu um Pernambuco forte. Nessa passagem por essas bandas, ele visitou o Museu Cais do Sertão, elogiando a beleza do local e boa acolhida que teve do seu diretor Toinho Mendes e da gerente da Marketing do Museu, Patrícia Campos, esteve nos programas de rádio de Ivan Ferraz – Forró, Verso e Viola, na Universitária FM; na Folha FM, com Patrícia Breda, e na Cabo FM, sob o comando do Velho Abidoral, para quem rasgou elogios: “Um guerreiro, o meu abraço pra você, meu jovem, uma estrela que brilha no universo futuro, porque ele está aí plantando junto com os mais idosos, com os que já estão indo, e ele está chegando com muita força, com muita energia e com muita verdade, Parabéns, Abidoral”, comemorou Onildo.
Porém, ele também não poupou críticas à mídia comercial, aos promotores de eventos e aos governantes, que preferem trazer artistas de fora, que não votam aqui, que não gastam dinheiro com ISS, como o imposto do município. “Mas, na época da eleição, eles vão bater nas portas dos artistas da terra, eles não vão bater na porta de Wesclei Safadão, de Marília Mendonça e outros mais; eles vão bater na porta de Onildo Barbosa, de NerílsonBuscapé, de Aracílio Araujo, de Rouxinó do Nordeste, de Genildo Souza, aí, nós teremos que dar uma resposta a esse povo, porque é isso que mantém a nossa resistência, vivos, e com força e esperança, esperando esse povo bater na nossa porta”, resumiu com indignação.

Por Ruy Sarinho

Cylene Araújo cidadã Cabense

Num gesto de reconhecimento pela ação de filantropia em favor do Abrigo São Francisco de Assis, fundado pela Irmã Iva,  a  Camara Municipal  do Cabo de Santo Agostinho concedeu à multi-artista Cylene Araújo o titulo de Cidadã Cabense.  A iniciativa foi do vereador Everaldo Cabral de Oliveira Junior, aprovada por unanimidade por todos os demais vereadores. 
Cylene é autora do livro “Madre Iva – o anjo branco de Pernambuco”. Além de cantora e apresentadora, ela tem desenvolvido campanhas de apoio a outras entidades sociais, como a AACD, por exemplo, razão do merecido prêmio agora recebido.