Artistas pernambucanos produzem curta-metragem que mescla diferentes linguagens como dança, performance, atuação em obra experimental
O ano de 2021 foi o primeiro em décadas a não ter Carnaval. Além de ter extrema relevância turística e econômica, culturalmente, as Folias de Momo são também o momento de suspensão do cotidiano, da loucura permitida numa espécie de catarse coletiva, quando as pessoas vão às ruas se encontrar, rir e, por vezes, esquecer das tragédias do dia-a-dia. Mas para onde foram todos esses sentimentos já que a festa não foi realizada? Como se deu vazão a tudo isso já que a maior parte das pessoas estava em isolamento? Esse foi a mola propulsora para um grupo de artistas pernambucanos criarem “Ladeiras do Delírio”, curta-metragem contemplado pelos recursos da Lei Aldir Blanc em Pernambuco, que está disponível gratuitamente no YouTube.
“A gente se juntou com a proposta de falar sobre a não-realização do Carnaval, algo que a gente é apaixonado, e transformar essa falta, esse vazio, em poesia. Mas com as gravações virou outra coisa, eu acho, muito mais ampla”, afirma Cyro Morais, que assina a direção do trabalho e também a divulgação das redes sociais.
Tiago Lima, que além da direção de fotografia é responsável pela montagem e design de som, afirma que Ladeiras não segue uma narrativa linear e mistura diferentes linguagens. “A gente pegou alguns elementos do que é o Carnaval, de como ele reverbera nas nossas subjetividades enquanto artistas e foliões e conseguimos fazer um filme que integra diferentes plataformas de expressão artística: a dança, a performance, a atuação, a música e o audiovisual. Todas essas coisas se mesclam dentro de um caldeirão, que é o audiovisual, num filme que eu consideraria experimental”.
A maior parte da equipe assumiu mais de uma função, por se tratar de um orçamento extremamente reduzido. Fazem parte dela: Cyro Morais, direção e produção de conteúdo para as redes, Tiago Lima, na direção de fotografia, montagem, design de som e arte gráfica, Inaê Silva, atuação e produção, Filipe Sampaio, iluminação e atuação, Mariana Dubeux, atuação, Babi Jácome, figurino, e Dandara Luz, maquiagem e caracrerização. O trabalho conta ainda com trilha sonora do grupo Pachka, composto por Miguel Mendes e TomBC, com os músicos convidados Surama Ramos e Henrique Albino.