A cultura sertaneja agora tem mais um motivo para se orgulhar. Foi inaugurado no último dia três de abril o Museu Cais do Sertão Luiz Gonzaga, que chegou para resgatar todo o nosso legado cultural. O Museu, construído no antigo Armazém 10, faz parte do projeto Porto Novo, que pretende requalificar e reurbanizar a área portuária do Recife trazendo diversas opções de lazer. Com 2 mil m², o primeiro módulo do Cais do Sertão abriga diversas exposições, todas com recursos inovadores.
Diferentemente do que muitos pensam, esse museu não é algo estático, ele foi idealizado para dialogar o tempo todo com o visitante, seja por meio de telas digitais ou totens espalhados pelo espaço, seja por meio de jogos ou audiovisuais produzidos pelos cineastas pernambucanos Camilo Cavalcanti, Carlos Nader, Kleber Mendonça, Leandro Lima, Lírio Ferreira, Marcelo Gomes, Paulo Caldas e Sérgio Roizenblit. A visita completa dura em torno de duas horas, a interatividade é a palavra-chave do espaço, o visitante mergulha em uma experiência inovadora no universo do Sertão nordestino, tendo como principal anfitriã a vida e obra de Luiz Gonzaga. Quem chega ao espaço se surpreender pelo belíssimo projeto arquitetônico, criado para atender às necessidades de todos os tipos de públicos. Apesar de o museu ser autoguiado, encontramos diversos monitores para auxiliar a visita do público. Logo na entrada, deparamo-nos com uma vitrine denominada Joias da Coroa, onde estão expostas réplicas de diversos trajes, além das sanfonas utilizadas por Luiz Gonzaga. Passando por ela, encontramos a primeira das quatro salas dedicadas ao audiovisual. Denominada Sertão Mundo, conta com a exibição do curta-metragem Um dia no sertão, do cineasta Marcelo Gomes. Ao sair da sala de projeção, mergulhamos no Sertão Mundo, um extenso ambiente cortado pela representação do Rio São Francisco, que divide a vida do sertão em sete territórios temáticos (ocupar, viver, trabalhar, cantar, criar, crer e migrar). No Ocupar, é possível conhecer o bioma predominante na caatinga, mostrado por meio de uma maquete interativa, onde é possível acompanhar toda a mudança climática e geográfica pelo qual o sertão passou e passa. Os fósseis expostos, por exemplo, relembram que o sertão um dia foi mar. Os gibões dos vaqueiros e uma réplica da roupa de Lampião também ocupam um lugar de destaque nessa temática. Já o espaço Viver é representado pela casa do sertanejo, onde podemos sentir um pouco dessa vida simples por meio do som vindo do radinho, observar texturas como solo e paredes, além de tocar em objetos do cotidiano sertanejo. No espaço denominado Trabalhar, encontramos ferramentas de trabalho, são mais de 50 peças, com destaque para o trabalho com manufatura, como instrumentos de sapataria, trabalhos de couro, rede de pesca, peneiras, entre outros. Ainda na temática Trabalhar, encontramos a segunda sala multimídia, onde é abordado o universo da feira, através do vídeo A Feira, de Kléber Mendonça. Mais à frente, deparamo-nos com a temática DNA do baião, em que é retratada toda a linha histórica do baião, das pessoas importantes desse seguimento desde os primórdios. No Cantar, encontramos mais duas salas multimídias chamadas, a primeira, de Túnel das Origens, onde podemos experimentar as sonoridades tradicionais que formaram o baião. E o Túnel Novos Baiões com músicos contemporâneos que se inspiraram no baião. A temática Criar, composta por vitrines repletas de objetos produzidos por artesões sertanejos, tem como destaque as peças do Mestre Vitalino. Ainda no primeiro piso, encontramos o Bosque Santo e o Túnel do Capeta, que juntos formam a temática Crer, simbolizando toda a religiosidade do sertanejo. O Túnel do Capeta, idealizado pelo artista Carlos Nader, foi inspirado na ideia do profano, sendo uma representação do capeta, que, no sertão, apresenta-se de diversas formas e com vários nomes. Já no segundo piso, entramos na temática Migrar, onde encontramos uma enorme tela repleta de depoimentos de pessoas que deixaram o sertão em busca de um sonho. As xilogravuras de J. Borges dão destaque ao painel Ir e Vir. Além dele, o visitante pode apreciar também os retratos de Camilo Cavalcante, ao todo são 48 retratos com representações da migração nordestina. Ainda nesse andar, encontramos, disponível para pesquisa, toda a discográfica de Luiz Gonzaga, são cerca 600 canções disponíveis em tablets. A sala de música também é destaque e promete ser um dos espaços mais frequentados. Lá qualquer pessoa pode ter a experiência de tocar uma sanfona, um acordeom, um violão, entre outros. Bem ao lado da sala de música, há o espaço de karaokê, onde as pessoas podem enviar suas apresentações por e-mail ou salvá-las em um pen drive. Os sampleadores também estão presentes, podendo o visitante criar o seu próprio baião. O Módulo 2 do Cais do Sertão deverá ser inaugurado no final do ano. Lá ficarão instalados restaurantes, café, salas de exposição temporárias, auditório, além de espaço para oficinas e cursos. Mais informações na fanpage: www.facebook.com/CaisdoSertaoLuizGonzaga Cais do Sertão Av. Alfredo Lisboa, s/n, Recife Antigo, Recife (PE) Ter a Qui 9h às 18h Sex 9h às 21h Sáb e Dom 14h às 19h R$ 8 e R$ 4 (meia para estudantes e jovens até 24 anos) Às terças-feiras, a visitação é gratuita. | |
Publicada em 09/05/2014 por: Erika Fraga
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quarta-feira, 21 de maio de 2014
O Universo do Sertão de Casa Nova
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