quinta-feira, 27 de julho de 2017

Livro reúne receitas gastronômicas de ‘chefs’ da música pernambucana

 'Músicos na Cozinha' foi produzido com incentivo do Funcultura e conta com receitas de nomes como DJ Dolores, Nicola Sultanum, Isaar e DJ Patrick Tor4

Música e gastronomia são dois pontos fortes de Pernambuco. Foi com a intenção de mesclar essas duas cenas e procurar saber de que maneira os músicos se relacionam com a arte de cozinhar que surgiu o livro Músicos na Cozinha. A publicação, que contou com incentivo do Governo de Pernambuco, por meio do Funcultura, reúne receitas favoritas de alguns artistas e produtores do país – desenvolvidas seja a partir da correria do ofício ou de memórias afetivas guardadas na lembrança. Como o próprio nome sugere, a publicação foi feita por músicos, DJs, cantoras e produtores que compartilharam seus segredos gastronômicos apurados ao longo da vida.

Músicos na Cozinha apresenta em 120 páginas uma série de entrevistas feitas por Ana Garcia, Alexandra Cisneiros e Jarmeson de Lima, e diagramação de Raul Luna,  com a proposta de apresentar este outro lado dos músicos com receitas e dicas que foram desenvolvidas em viagens e no aprimoramento cotidiano. A publicação conta ainda com um glossário de termos e pratos típicos e um guia de 100 lugares para comer na capital pernambucana.

De acordo com Ana Garcia, responsável também pela edição, a ideia surgiu a partir de um livro de receitas de sua mãe, a pianista Ana Lúcia Altino, chamado Jazz Cooks. “É um livro com os grandes jazzistas falando sobre comida e das suas receitas. Mas ele só tem texto, sem foto, e é difícil de ler mesmo como um livro de receita. Achei que conseguiríamos fazer algo melhor que isso e através da comida dá para conhecer bem o artista. Jarmeson então teve a ideia de fazer um guia, que ficou muito bacana. Juntos saímos entrevistando os músicos que colocam a mão na massa”, explica.

Alguns dos entrevistados são o DJ Dolores, Nicola Sultanum, Isaar, China, Patrick Tor4, Ylana Queiroga, Zé Cafofinho e Renata Rosa, entre outros músicos convidados de outras partes do país, como a cantora Tiê. A diversidade musical acompanha o cardápio de receitas, que variam entre sugestões de sopas, aperitivos, carnes, frutos do mar e sobremesas. Além disso, boa parte das receitas foi feita quando os artistas passaram a morar sós ou são memórias antigas que envolvem a família.

Caso da pianista virtuosi Ana Lúcia Altino, que compartilhou no livro uma receita de doces filhós, uma sobremesa que remete às memórias e sensações nostálgicas da sua infância. “É uma especialidade gastronômica portuguesa muito comum na época do Natal e é feito com farinha de ovos, frito em óleos vegetais e polvilhado com açúcar. Não era muito comum ter filhós na sobremesa. Geralmente era feito em ocasião especial e era uma briga eterna para a divisão igual entre todos”, relembra.

Há também o caso de quem goste de ir pro fogão ouvindo uma boa música, caso de Patrick Tor4. “Curto cozinhar ouvindo MPB 70. São raros os discos ruins dessas época. Acho que a trilha vai muito de acordo com o momento, as companhias e o prato. Pode rolar um ritual mais envolvido com estas variantes e assim encontrar o som ideal”, conta o DJ, que no livro compartilha uma receita de camarão com molho de manga. “Descobri meio que por acaso na web. A magia de misturar doce com salgado me encanta, então pesquisei um pouco mais sobre outras formas de fazer e cheguei a um formato legal assim”, revela. De acordo com o músico, a receita leva camarões, manga, cebola e alho, suco de limão, azeite, e sal, pimenta e gengibre a gosto.

“A cozinha é massa por causa disso. Você pode querer usar uma pimenta mais leve ou outro ingrediente, ao seu gosto”, opina o cantor Jr. Black, que ensina na publicação a como fazer um legítimo cozido, com carne e verduras, batizado por ele de Cozido do Trabalhador. “É um prato que levanta a alma do trabalhador e o segredo é ser feito com amor. O único problema dele está na classificação ‘benza papai’. Não dá pra fazer muita coisa depois. A pessoa fica arriada. É comer, beber e sonhar”, brinca.

Sobre a repercussão do livro entre os artistas, a produtora Ana Garcia conta que foi tão grande que já se pensa uma segunda edição. “Achávamos que o processo seria mais fácil, mas fomos descobrindo que não era tão simples assim. Muitos acabam no fim não sabendo cozinhar direito ou acham que as suas receitas não merecem tanto destaque. Foi um processo longo e que finalmente saiu. Mas queremos fazer uma segunda edição. Começamos a descobrir diversos músicos que cozinham também e já pensamos em realizar algo voltado para outra área, de repente cineastas e atores”.

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