sexta-feira, 17 de junho de 2011

Afinadores de sanfona ajudam a preservar a tradição do São João

 Fonte: pe360graus.com

Reprodução / TV Globo
Dez minutos. Esse é o tempo que José Lucas leva para tirar peça por peça de uma sanfona. Além de tocar o instrumento, Galego da Sanfona (foto 1) – como é conhecido – é um dos profissionais que carregam a missão de manter afinado o som do São João.

Antes de virar afinador de sanfona, Galego usava as mãos habilidosas para montar e desmotnar carrros, motos, relógios, máquinas de datilografia... Foi o amigo Arlindo dos Oito Baixos quem deu a dica para que ele aprendesse e ajudasse a valorizar a profissão de afinador – nunca fez curso. "O segredo para uma nota bem afinada, é quando você bota o dedo no ‘diapazon’ e ela faz ‘pammmmm’”, explica ele. “Você vai na outra e a ela tem que dar o mesmo o tom”.

Para ele, afinação certa “é como se fosse um peso na balança. Um quilo é um quilo. Certinho”. Hoje, aposentado, aos 74 anos, fez de um andar da casa uma oficina de colecionador. São mais de quarenta modelos diferentes, cada um com uma história.

Assim também é o trabalho cuidadoso de um alagoano que escolheu Pernambuco para viver cercado pela música, não apenas nos palcos, mas nos bastidores também. Cicinho do Acordeon mostra um instrumento aberto e explica: "isto aqui chamam vozes, cada voz dessas é uma tonalidade que tem de dó até si”. Esse sanfoneiro e compositor vira um artista que também é chamado pelos amigos, como Dominguinhos e Flávio José, para consertar e deixar um acordeon pronto para qualquer show.

Entre as peças de que ele cuida, está um acordeon importado que tem mais de  setenta anos de história. A tarefa exige silêncio porque o desafio é encontrar o tom ideal, que pode dar o charme ou atrapalhar uma apresentação. "É muita puxada de foley, né? O foley é esta partezinha aqui [sanfonada]. Às vezes ele quebra, a gente tem que recuperar, tirar, fazer outra vozes, porque cada laminazinha é de aço, quando ela se quebra a gente tem que botar outra”, destalha.

Cicinho do Acordeon chega a passar cinco horas por dia no  estúdio de gravação que fez em casa e também virou um ateliê. É o refúgio de quem herdou do pai a vocação de afinador de um instrumento tão popular no São João. "Tem que ter muita paciência, né? Porque ele, principalmente este acordeon hoje que tem o som acústico, tem ressonância. Você tem que consertá-lo num lugar bem acústico, fechado, pra não receber som de um carro passando, de uma pessoa gritando, que tira do seu ouvido o som sonoro se tá afinado ou não”, revela.

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